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quinta-feira, 6 de outubro de 2011

a história dos jogos 2

[...] eram um dos principais meios de que dispunha a sociedade para estreitar seus laços
coletivos e se sentir unida. Isso se aplicava a quase todos os jogos, e esse papel social era
evidenciado principalmente em virtude da realização das grandes festas sazonais.
O referido autor também fala em características comuns que são encontradas entre
jogos, cultos e rituais, tais como: ordem, tensão, mudança, movimento, solenidade e
entusiasmo. Além disso, segundo Huizinga (1991), ambos têm o poder de transferir os
participantes, por um espaço de tempo, para um mundo diferente da vida cotidiana.
Adultos, jovens e crianças se misturavam em toda a atividade social, ou seja, nos
divertimentos, no exercício das profissões e tarefas diárias, no domínio das armas, nas
festas, cultos e rituais. O cerimonial dessas celebrações não fazia muita questão em
distinguir claramente as crianças dos jovens e estes dos adultos. Até porque esses grupos
sociais estavam pouco claros em suas diferenciações.
Outro fator de extrema importância a ser  ressaltado nessas festas era seu caráter
místico. Nas representações sagradas, principalmente nas sociedades não industriais encontrava-se em jogo um elemento espiritual, difícil de definir, algo de invisível e
inebriante ganhava uma forma real, bela e sagrada.
Conforme Huizinga (1991, p. 17), os participantes do ritual estavam "certos de que
o ato concretiza e efetua uma certa beatificação, faz surgir uma ordem de coisas mais
elevada do que aquela em que habitualmente vivem". Apesar desta intenção estar restrita à
duração do ritual e da festividade, acreditava-se que seus efeitos não cessariam depois de
acabado o jogo; pois sua magia continuaria sendo projetada todos os dias, garantindo
segurança, ordem e prosperidade para todo o grupo até a próxima época dos rituais
sagrados.
Elkonin (1998) aponta a história dos povos do extremo oriente como sendo
ilustrativa da relação trabalho-jogos. Escreve que, nesses povos, o brinquedo e a atividade
da criança foram em determinada época, uma ferramenta de trabalho modificada e uma
modificação da atividade dos adultos com essa ferramenta, encontrando-se em relação
direta com a futura atividade da criança, o que aponta para uma imagem de criança que
acompanhava aqueles povos. A história do brinquedo e dos jogos ilustra toda uma
representação de infância e à modificação da imagem da criança, acompanha a modificação de seus jogos e brinquedos, estando sua história “organicamente vinculada à da mudança de lugar da criança na sociedade e não pode compreender-se fora dessa história” (ELKONIN,
1998, p. 47).
O lugar da criança na sociedade nos dá a chave para a explicação do lugar que jogos
e brincadeiras ocupam em seu desenvolvimento, por exemplo, a criança indígena brasileira
quando brinca de arco e flecha está manipulando uma atividade própria dos adultos e que
ela terá que aprender muito cedo para a sobrevivência de sua comunidade. A natureza dos
jogos infantis só pode ser compreendida pela correlação existente entre eles e a vida da
criança na sociedade.
é só! Bjinhoss

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