Bom, Agora irei contar a história dos jogos:
A história dos jogos e brincadeiras, assim como a história de uma forma geral, é
uma construção humana que envolve fatores sócio-econômicos-culturais. Para Elkonin
(1998), o trabalho, como atividade humana transformadora da natureza, é anterior a
atividades como os jogos e a arte, estas atividades surgiriam em conseqüência do trabalho
humano e do uso de ferramentas. Esta concepção, fortemente influenciada pelo marxismo épredominante nas análises de pesquisadores soviéticos como Elkonin (1998), Vygotsky
(1984; 1990) e Leontiev (1988), mas também aparecem no trabalho de Benjamim (1984).
Para Plekhánov (apud ELKONIN, 1998, p. 38), “É de suma importância para
explicar a gênese da arte esclarecer a atitude do trabalho em face do jogo ou, se preferir, do
jogo em face do trabalho”. Defendendo a tese de que o trabalho antecede ao jogo,
Plekhánov utiliza o exemplo dos jogos de guerra: “Primeiro surge a guerra verdadeira, e a
necessidade por ela criada, e logo depois, os jogos de guerra para satisfazer essa
necessidade” (PLEKHÁNOV, apud ELKONIN, 1998, p. 38). A brincadeira é a porta de
entrada da criança na cultura, sua apropriação passa por transformações histórico-culturais
que seriam impossíveis sem o aspecto sócio-econômico, neste sentido, a história, a cultura e
a economia se fundem dialeticamente fornecendo subsídios, ou melhor, símbolos culturais,
com os quais a criança se identifica com sua cultura. Expliquemos melhor. Os jogos e
brincadeiras tiveram ao longo da história um papel primordial na aprendizagem de tarefas e
no desenvolvimento de habilidades sociais, necessárias às crianças para sua própria
sobrevivência. Segundo Elkonin (1998), o jogo deve se apresentar como uma atividade que
responde à uma demanda da sociedade em que vivem as crianças e da qual devem chegar a
ser membros ativos. Ora, se são sempre os adultos que introduzem os brinquedos na vida
das crianças e as ensina a manejá-los, é de fato também, como aponta Brougère (1995), que
manipular brinquedos é acima de tudo, manipular símbolos, nesse sentido, nem sempre a
criança vai fazer do brinquedo o uso que o adulto espera quando o apresenta à criança.
Aqui, encontramos uma diferença nas posições de Elkonin e Brougère, para o
primeiro, interessa desvendar o surgimento do jogo protagonizado na história, mas para tal,
o autor precisa investigar a atividade de jogo em sua fase menos complexa: a de imitação e reprodução de atividades sociais, sobretudo o trabalho. Para o segundo, interessa investigar
a cultura lúdica infantil, bem como o papel do jogo, mais especificamente o brinquedo, na
impregnação cultural da criança. Arkin (apud ELKONIN, 1998, p. 40), escreve que para se
construir “uma prática educativa sã, fecunda e estável” deve-se conhecer a história do jogo
infantil, opinião compartilhada por Brougère (1995, 1997).
Huizinga (1991), também traça uma história dos jogos a partir da relação do homem
com o trabalho. Segundo ele, na sociedade antiga, o trabalho não tinha o valor que lhe
atribuímos atualmente, tão pouco, ocupava tanto tempo do dia. Os jogos e os divertimentos[...]
Continua no próximo post
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